Prefeitura conscientiza população sobre o Trabalho Infantil envolvendo crianças e adolescentes na região central de Pindamonhangaba

A Prefeitura de Pindamonhangaba vem recebendo diversas reclamações sobre a exploração de crianças e adolescentes pedindo esmola e praticando venda de doces e panos de prato na região do Mercado Municipal e nos semáforos. Para mitigar essa situação a Secretaria de Assistência Social, através do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), vem conscientizando a população sobre essa questão social que aflige os centros urbanos de diversas cidades.
“Melhor trabalhar do que estar nas ruas usando drogas!” Essa é uma das frases mais ouvidas pela equipe do PETI durante as abordagens sociais realizadas em Pindamonhangaba. Apesar de comum, essa fala revela um dos muitos mitos que ainda cercam o trabalho infantil e contribui para a naturalização de uma prática que, na verdade, configura uma grave violação de direitos humanos.
O trabalho precoce de crianças e adolescentes, mesmo quando visto por alguns como uma “alternativa” diante da vulnerabilidade, compromete o desenvolvimento físico, emocional e social desses jovens, afetando sua saúde, educação e perspectivas de futuro. Por isso, o enfrentamento ao trabalho infantil deve ser responsabilidade de toda a sociedade.
“É comum encontrarmos crianças e adolescentes vendendo doces no centro da cidade. Mas há também formas de trabalho infantil mais difíceis de serem identificadas, como o serviço doméstico, o trabalho informal na construção civil ou, em situações mais graves, o envolvimento com o tráfico de drogas”, explica Luana Moraes, técnica de referência do PETI.
É natural sentir vontade de ajudar quando vemos uma criança ou adolescente pedindo dinheiro ou vendendo algo nas ruas. Muitas vezes, estendemos a mão, movidos pela empatia, pela compaixão e até pelo desejo de aliviar uma culpa interna diante daquela realidade. Mas é preciso refletir: será que esse gesto realmente ajuda?
Apesar da boa intenção, contribuir financeiramente com o trabalho infantil pode, sem querer, fortalecer uma rede silenciosa de violações de direitos. O que está por trás de uma criança nas ruas não é apenas a necessidade de vender um produto mas, muitas vezes, uma história marcada por vulnerabilidade, ausência de oportunidades, negligência ou até exploração.
Além do atendimento direto, o programa aposta fortemente na conscientização da população e dos comerciantes locais. Cartazes são afixados em pontos estratégicos da cidade, alertando sobre os riscos do trabalho precoce e incentivando a denúncia de casos. “As pessoas muitas vezes não percebem que, ao dar dinheiro, estão mantendo essa criança longe da escola, da convivência familiar e de espaços seguros de desenvolvimento”, ressalta Joseane Martins, técnica de abordagem do PETI.
É importante entender que, por trás daquele olhar que pede ajuda, há uma realidade que não se resolve com a compra de um produto. As crianças e adolescentes precisam estar no ambiente escolar, ter acesso à saúde, políticas públicas, rede de apoio e de uma sociedade atenta.
De acordo com a diretora da Proteção Social Especial Patrícia Garcez, o PETI atua justamente nesse enfrentamento, com uma equipe técnica composta por assistente social e psicóloga que realiza abordagens diárias nas ruas, escutando, orientando e buscando alternativas para essas crianças e adolescentes.
“O trabalho infantil não é apenas um problema individual ou familiar — é um fenômeno social complexo, que exige ações estruturadas, políticas públicas efetivas e, principalmente, uma mudança de cultura”, afirma a Secretária de Assistência Social do município Andrea Barreto.
Como a população pode efetivamente ajudar?
* Não dê dinheiro. Em vez disso, oriente ou encaminhe para os serviços públicos da sua cidade.
* Denuncie. Qualquer situação de trabalho infantil pode ser comunicada aos Conselho Tutelares do município: Conselho Tutelar Centro, pelos telefones (12) 3550-0513 ou 3550-0514, Conselho Tutelar Moreira César, pelo telefone (12) 3641-1688, Disque 100 ou diretamente à Secretaria de Assistência Social.
* Conscientize outras pessoas. Fale sobre o tema, compartilhe informações, ajude a romper com a naturalização do trabalho precoce